sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

GIRAMUNDO



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[SENTI QUE VIA TUA FACE]
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**********Senti que via tua face, e lancei meu barco na escuridão.
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**********Agora a manhã desperta em risos, e as flores da primavera estão desabrochando.
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**********Todavia, mesmo que falte a luz e as flores murchem, continuarei velejando.
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**********Quando me fizeste um sinal mudo, o mundo continuava dormindo e a escuridão era opressiva.
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**********Agora os sinos repicam, e meu barco está carregado de ouro.
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**********Todavia, mesmo que os sinos se calem e meu barco fique vazio, continuarei velejando.
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**********Alguns barcos já partiram, e outros ainda não estão preparados; porém, não ficarei me atrasando.
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**********As velas se enfunam, e os pássaros vêm da outra praia.
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**********Todavia, mesmo que as velas se afrouxem e a mensagem da praia se perca, continuarei velejando.
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RABINDRANATH TAGORE**(1861 - 1941), poeta, escritor e músico indiano, de expressão bengali.
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Travessia, em Poesia Mística, Paulus, São Paulo, 2003.
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Tradução: Ivo Storniolo.
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Imagem: Sarasvati, Deusa da linguagem e da literatura. Pintura indiana.